terça-feira, 6 de dezembro de 2011

VIVENDOCIDADE - A divisão do Pará - Por Alexandre Carvalho



No próximo dia 11 de dezembro os eleitores do Pará vão decidir se dividem (ou fragmentam) o Estado em três. Pará, Tapajós e Carajás podem figurar em breve nos livros de Geografia.
Mas para nós não basta ler as notícias “oficiais” sobre o assunto. Queremos discussão de verdade e dar voz a quem pode dar uma visão mais próxima da realidade. Desta forma, pedimos a ajuda de um paraense que vive diariamente o clima do plebiscito e que tem ativa participação política na capital, Belém. Além de tudo, é um crítico que merece ser ouvido por nós do Vivendocidade.
pará-tapajós-carajás-plebiscito
Em uma reunião só permitida pelos novos tempos, Eu (@adcarva) e Carlos Filho (@gaho) aqui em São Paulo, o João Santana (@joaosantana) em Recife e o Flávio Miranda (@Fra_Miranda_) em Belém, fizemos a nossa mesa redonda sobre o assunto. Na redação, o placar é de 3×0 contra a divisão. A única ressalva é apontada por Santana, que costuma “ser favorável a qualquer iniciativa de autodeterminação dos povos”, mas preocupa-se com o fato da criação de três estados pobres e extremamente violentado por políticos locais.
Abaixo, a entrevista com Miranda sobre a divisão do Pará.
Vivendocidade: No dia 11 de dezembro, um plebiscito irá definir se o Estado do Pará será dividido dando origem aos estados de Carajás e Tapajós. Qual sua expectativa?
Flavio Miranda: a minha expectativa são as melhores dentro do que acredito. pois fiz análises das vantagens e desvantagens de minha escolha e no meu ver vejo que com a separação, o Pará, Carajás e Tapajós tem como dar um salto para o progresso. Pois um só governante não consegue atender o estado todo, por ter uma extensão enorme e muitas vezes são de difíceis acesso.
VC: Pesquisas de opinião pública indicam que a divisão será recusada por pelo menos 58% da população. O povo debate nas ruas o assunto?
FM: prefiro não me prender a pesquisas. Como diz Otto Von Bismarck: Nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada… É vísivel debates em qualquer lugar deste estado, pessoas vestido a camisa, expondo suas expectativas sobre o plebiscito. A resposta o povo será a minha certeza no dia 11/12.
VC: Independente de sua posição a respeito, é possível elencar prós e contras da separação ou da não separação do estado?
FM: Com ou sem separação o estado ou os estados já foram afetados. Creio que vai ficar um clima de uma pontinha de rivalidade com essas regiões.
VC: Se o estado não conseguiu se desenvolver sendo um “estado unitário”, não será pior com a divisão, principalmente por conta da diminuição de recursos?
FM:  Recentemente foi descoberto na costa do Pará (área que pertence ao Pará pequeno) uma grande quantidade de petróleo que pode superar até o minério da região de Carajás. Se os políticos conseguirem tirar proveito disso para o POVO, podemos dar um salto apra o progresso e se houver uma visão empreendedora, com os recursos fincanceiros, o governo também pode ajudar a desenvolver o pólo pesqueiro desta região que é bastante forte. 
VC: O maior problema para quem está de fora será o aumento dos gastos com as novas instituições para os novos estados. Como o paraense vê essa situação?
FM: Como toda empresa que começa, tem que investir sim. Não vejo isso como um gasto, infelizmente há homens de má fé que não aplicam esse dinheiro para o desenvolvimento de sua região e seu povo
VC: Carajás é conhecido por ser palco de diversos conflitos agrários. O novo Estado seria mais capaz de resolvê-los, até por conta da proximidade com a possível capital?
FM: Problema de tudo é que não temos empreendedores, mas sim, políticos. Quantos empreendedores administram empresas de grande porte com total eficiência e qualdiade! Quantos políticos pensam em meter o dinheiro do bolso e dar só um cala boca no povo!
VC: Tapajós é chamado de o “Pará dos ricos”, e concentrará praticamente toda a riqueza do Estado, se dividido. Sem essa fonte, que outras alternativas econômicas o Pará terá para sustentar seu povo remanescente?
FM: O estado do Pará ele é totalmente rico, cada região tem sua matéria prima. No Tapajós temos a pesca e a soja, em Carajás o minério e o gado e o Pará pequeno tem agora o petróleo, a pesca e a agricultura. Como eu disse antes, o problema é que temos políticos  e não empreendedores.
VC: Divisões territoriais, em geral, tem origem em interesses políticos que podem ou não representar o direito legítimo do povo de organizar-se da forma que melhor lhe favoreça. O paraense está politicamente preparado para decidir pela divisão do Estado?
FM: Preparado de fato não, mas se há uma ideia de organização.
VC: O que falta para o Pará unido ser uma alternativa melhor que a divisão?
FM: Tirar com os viciados da política. Isso não é um problema do Pará como de todo o mundo.
Em abril do ano passado inclusive, falamos sobre essa divisão, no artigo intitulado “Carajás e Tapajós poderão “receber visita” do Vivendocidade”. Já naquela época, nossa conclusão foi que nada justifica essa divisão, se não aumentar ainda mais a máquina pública, além de ser um meio oficial de entravas a governabilidade.
De lá pra cá, nossa opinião permanece a mesma.

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